«O Poder dos Sonhos» – Luis Sepúlveda

Ou o sonho como metáfora daquilo que o sonho não faz. Se age no indivíduo e nele recapitula a realidade desfocada da sua pré-história, como pretendia Freud, parece não ter poder algum na transformação da realidade e na construção do futuro, como sempre quiseram fazer crer desde tempos imemoriais todos os oráculos. Mas Sepulveda não fala dos sonhos que inconscientemente nos acometem com a sua panóplia de múltiplos espelhos em que a realidade se deforma para se esconder. Ele fala-nos aqui dos sonhos que se deseja sonhar, aqueles que dão nome à utopia. Por exemolo, na página 82 da edição que comprei, na margem dessa página e a propósito da frase que ali encontro: “Malditas sejam as guerras e os canalhas que as fazem”, acrescento eu: “Malditos sejam os pequenos canalhas instalados que entre nós as desculpam e justificam”.